Recentemente saiu uma pesquisa realizada pelo Hospital Albert Einstein, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade de São Caetano do Sul, em que relata o acesso ao sistema de saúde, seja por intermédio público ou privado, da população LGBTQIAP+ com mais de 50 anos, no Brasil.
A análise entrevistou 6.693 pessoas, sendo que 1.332 se identificam como uma pessoa LGBTQIAP+. E 53% das pessoas da comunidade que responderam à pesquisa acreditam que os profissionais de saúde não estão preparados para lidar com as suas particularidades.
É fato que a saúde é um dos grandes gargalos da população LGBTQIAP+, seja ela idosa ou não, principalmente pela discriminação que as pessoas recebem em atendimentos.
E sendo LGBTQIAP+ idoso, temos ainda um infeliz fato que muitas vezes acontece: pessoas acabam voltando para o armário para ser aceitos em ambientes, já que a falta de compreensão é gigantesca. Afinal, é isso ou a solidão.
O que também, de certo modo, não deixa de não ter um tipo de solidão se você estiver em um ambiente que recriminam quem você é.
Aliado a isso temos a falta de visibilidade da população idosa LGBTQIAP+, no qual a própria sociedade ignora ainda mais sua existência e suas necessidades específicas.
Isso sem contar o mercado de trabalho que ainda tem dificuldade de ver uma pessoa com 50+ como produtiva e “apta” ao trabalho. É fato que temos hoje muitas iniciativas de empresas voltadas para a inserção desse público no mercado de trabalho. Mas ainda é muito pouco e restrito às grandes capitais.
Fora que o tema de diversidade em empresas, a meu ver, claro, deu uma esfriada, já que após pandemia alavancou a questão da saúde mental. E o que deveria trazer a diversidade e inclusão para esse pilar… Parece que não deu match.
Portanto, é necessário, cada vez mais, discutir a construção de uma base para o envelhecimento digno, inclusivo e respeitoso da comunidade LGBTQIAP+. Reconhecendo não só seu valor como promovendo qualidade de vida, acesso à saúde e atendimento humanizado.
O caminho é muito longo a ser percorrido. Mas, sinceramente, espero que no meio dele a gente quebre vários armários para ninguém nunca mais tenha que estar lá, principalmente idosos LGBTQIAP.
Maira Reis, jornalista e fundadora de camaleao.co – uma startup que trabalha ajudando empresas com a população LGBTQIAP+.