A vida sexual na terceira idade O envelhecimento é um processo natural e individual, fato que, antes de mais nada, deve ser levado em consideração. Cada ser humano envelhece de uma maneira, conforme diversos fatores relacionados à genética, educação e estilo de vida. A sexualidade também deve ser enquadrada nesse mesmo contexto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade é expressada na forma de sentir. Trata-se da atração física e afetiva que sentimos por outras pessoas e também pela forma que nos relacionamos com nós mesmos. Engloba múltiplos aspectos da personalidade, como valores, crenças, desejos, emoções, identificação. Tem, comprovadamente, impacto relevante na saúde mental e na qualidade de vida.
Ciclo de resposta sexual
Em 1954, foi iniciada uma pesquisa pelo ilustre casal William H. Masters, ginecologista, e a psicóloga Virgínia E. Johnson, na Universidade de Washington, que, após algumas versões ao longo dos anos, chegou a configuração que temos hoje do denominado ciclo de resposta sexual (desejo, excitação, orgasmo, resolução).
1. Desejo
O desejo pode ser espontâneo ou ter início a partir de um estímulo externo, como, por exemplo, uma imagem, uma música, um toque. Essa mensagem chega ao sistema nervoso central, comunicando ao cérebro essa sensação. Uma vez iniciado este processo, esse estímulo se transforma em interesse sexual. Caso esteja em uma situação favorável, tratando-se de ambiente, presença ou não de um (a) parceiro (a), parte-se para a fase de excitação.
2. Excitação
Tem-se a elevação da pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória. No homem acontece a ereção peniana e na mulher a lubrificação vaginal com o intumescimento da vulva, para facilitação da penetração.
3. Orgasmo
Tudo ocorrendo bem, acontece o clímax – descarga de tensão e de prazer, o famoso orgasmo.
4. Resolução
Após o orgasmo, a resolução – o corpo retorna às condições iniciais
Relevante mencionar que em, quaisquer dessas fases podemos ter disfunções, patologias, que devem ser acompanhadas e tratadas como qualquer outra questão de saúde. De maneira responsável e com orientação profissional.
A vida sexual e o passar dos anos
Masters e Johnson foram pioneiros na realização de pesquisas sobre a atividade sexual em idosos, desmistificando o fato de que, dado um estado adequado de saúde e a disponibilidade de um parceiro interessado e interessante, não há idade absoluta em que as habilidades sexuais desapareçam.
Por questões orgânicas e fisiológicas (assim como em qualquer outro sistema do organismo) ocorrem mudanças nos padrões de respostas sexuais masculinas e femininas com o envelhecimento. É possível que os homens necessitem de maior estímulo para alcançar a ereção e as mulheres de lubrificação, por exemplo. Apesar disso, ambos são perfeitamente capazes de corresponder ao ciclo de resposta sexual, em condições saudáveis, se assim desejarem.
Benefícios do sexo para a terceira idade
Existem estudos que apontam que o sexo pode proporcionar inúmeros benefícios, inclusive na terceira idade. Desde a melhora do humor, aumento da autoestima, melhora na qualidade das relações interpessoais, redução da incidência de câncer de próstata, até impacto na cognição. Sim, o sexo pode influenciar na preservação da fluência verbal, percepção espacial e memória. Uma espécie de exercício, além de físico, mental. É de fundamental importância ter orientação médica e psicológica no âmbito sexual no decorrer de toda a vida. O envelhecimento não deve ser um fator de invalidação da sexualidade, motivo de constrangimento ou limitação de prazer. Devemos respeitar a sexualidade na terceira idade, assim como nas demais fases da vida: com conhecimento, curiosidade, acolhimento e liberdade. Sem tabu.
